POP Pills Addiction

Prescrito para estados alterados da mente.

Wednesday, April 30, 2008

Where Is My Mind?






Where Is My Mind?
(Pixies)

Ontem acordei me sentido esquisito, com alguma coisa por dentro me incomodando, uma certa queimação no estômago. Não quis dirigir, fui para o trabalho de ônibus. O engarrafamento estava ainda pior do que o normal. No meio do caminho senti uma dor de barriga aguda, sabe aquelas que batem de repente e você já sabe que não tem como resistir? Pois então, tive que descer do coletivo e procurar um banheiro o mais rápido possível.

Acabei entrando numa birosca qualquer. O atendente, um senhor gordo, careca e com barba por fazer, falou que era só ir aos fundos do estabelecimento, para onde prontamente me dirigi. Lá entrando, logo notei a sujeira, aquilo parecia que não era lavado há mais de um mês. O cheiro de urina era insuportável, a porta da “casinha” em que ficava a privada estava quebrada. No fundo do vaso havia uma lembrança sólida do último visitante. Respirei fundo, tentando criar coragem. Quando senti uma pontada no ventre, vi que não tinha jeito, o negócio foi abaixar as calças e soltar o jato ali mesmo.

No início, senti uns respingos na bunda. Preferi ignorá-los. Depois de descarregar a primeira remessa, percebi que uma segunda estava a caminho. Concentrei-me então para terminar com o serviço sem demora, só que tive que fazer uma força tremenda. O bicho não queria sair, era grande demais. Já estava suando frio quando finalmente ouvi o “plop” dele batendo na água.

Aliviado, usei o papel de qualidade ruim para me limpar – inclusive o suor espalhado por todo meu corpo. Ao levantar para dar a descarga levei um tremendo susto. No meio das fezes, encontrei um cérebro.

A princípio achei que tinha cagado o meu, mas logo percebi que isso era ridículo. Ainda estava pensando, todas as minhas funções motoras estavam em ordem. Liguei para o meu patrão, disse que estava em uma emergência, não poderia ir trabalhar. Ele concordou, só pediu para levar um atestado médico. Achou que eu estava de malandragem, o danado sempre desconfia de tudo e todos.

Voltei ao bar, perguntei ao atendente se tinha luvas e algum pote que pudesse me dar. Ele disse que luva não tinha, mas se quisesse eu poderia levar uma embalagem de quentinha. Tive que aceitar. Retornei ao banheiro, enfiei a mão dentro do vaso sanitário e, em meio à viscosidade dos dejetos que havia deixado, peguei o cérebro. Ele estava meio sujo, usei o papel para limpá-lo. Em seguida, coloquei-o dentro da quentinha. Depois dei descarga, tentei lavar meu braço da melhor maneira possível – lá não tinha sabonete – e marquei uma consulta de emergência.

O doutor era um senhor de seus cinqüenta anos, cabelos grisalhos, um longo bigode branco, ar de sério. Estranhou minha situação, mas iria me examinar ainda assim. Ele me fez tirar a roupa, me botou de quatro numa cama e assim fiquei, com a bunda para o ar, enquanto o médico botava uma luva branca e pegava uma lanterna. Veio em minha direção e, de repente, sem aviso algum, enfiou o indicador no meu cu, dizendo “vamos ver se está tudo certo por aqui”.

O médico então fez uma cara de dor – o dedo ficou preso dentro de mim. Ao retirar a mão, que notei estar jorrando sangue, gritou com raiva: “O senhor me... mordeu!”. Fiquei sem entender nada, aquilo era impossível! Só que ele confirmou, disse que meu ânus tinha dentes.

“Vem cá, o senhor do nada me dá uma dedada, e depois vem dizer que meu cu te mordeu?” Vesti as calças, parti para cima dele e enfiei-lhe a porrada. Gritei que se arrumasse encrenca ia contar para todo mundo que ele abusava dos pacientes, se isso não fosse suficiente voltaria para matá-lo. O doutor, assustado, me mandou ir embora, falou para que o esquecesse e nunca mais voltasse lá.

Saí do consultório feliz da vida, ter dado porrada em alguém foi muito bom. Desde criança não fazia isso. Resolvi então ir para o trabalho bater no meu chefe. Quando cheguei ao escritório ele estranhou, “Você não tinha ido ao médico?”. Nem respondi, apenas dei um soco na cara dele, que caiu no chão com sangue na boca. Antes que pudesse se recuperar, chutei-o no rosto e no estômago diversas vezes. Todo mundo foi ver o que estava acontecendo. O Tibério, um babaca que fala mal de mim pelas costas, disse que eu devia me acalmar. Fui à direção dele, soquei-o diversas vezes, depois segurei sua cabeça e bati-a contra a parede até ficar toda ensangüentada.

Depois disso saí da cidade. Tenho certeza que alguém chamou a polícia, não vão deixar isso barato. Antes comprei um pequeno espelho e fui num banheiro qualquer de beira de estrada para verificar aquela história de que meu cu tinha dentes. Quando o vi refletido, não havia dente algum, apenas um olho, que deu uma piscada para mim com quem diz “Estamos nessa junto, amigo!”.


Imagem: Un Chien Andalou, dirigido por Luis Buñuel e Salvador Dali.

Thursday, April 24, 2008

Links

Essa semana não teremos conto no blog. Aproveite então para ler um antigo fanfic do Doutor Estranho no clima do blog publicado no Hyperfan: Simpathy for the Devil.

E no novo site do CLFC voltou ao ar um antigo conto meu, Vivian e Vanessa.

Um bom fim de semana para todos!

Friday, April 18, 2008

The Dope Show





The Dope Show
(Marilyn Manson)

Anita chegou à sede da TV Marte no início da noite. Dirigindo-se ao camarim, recebeu o informe do diretor sobre o conteúdo do programa que iria apresentar em duas horas.

- O detector de insatisfação da prefeitura de Asimov City indica que os mineradores estão insatisfeitos com a baixa remuneração, péssimas condições de trabalho e saudades da Terra. Possivelmente, dentro de um mês, haverá greve ou mesmo rebelião. Por isso, estamos mudando o foco do conteúdo de nossa programação. Como o seu show é de variedades, iremos primeiro mostrar uma reportagem sobre as condições climáticas deterioradas de nosso planeta natal, seguido de um show com stripers recém-chegadas a Marte.

Ela sabia que era comum esse tipo de mudança, os políticos e empresários do entretenimento estavam sempre bolando algo para acalmar a população da colônia espacial. E Anita concordava com isso, afinal contribuía com a paz no planeta – além de ser uma tática comum a todas as redes de televisão.

Depois chegou sua maquiadora, preparando-a para ir ao ar. Anita era morena, cabelos negros até o meio das costas, olhos verdes hipnotizantes, pernas longas e grossas, bunda redondinha e arrebitada. Seus atributos físicos foram cuidadosamente calculados para garantir audiência.

- Olá, povo de Marte! – começava mais um de seus shows. – Hoje, teremos várias atrações imperdíveis! E você vai ficar juntinho de mim, não vai? – ela perguntava com voz de veludo – Eu sei que vai, bem juntinho, bem gostosinho, passando a noite inteira grudadinho em mim, não vai?

A platéia, muito bem selecionada, aplaudia a tudo que ela dizia. Foi então que o imprevisto aconteceu.

- Hoje o nosso programa vai ser dedicado especialmente aos mineradores de Asimov City. Gente, as condições de trabalho deles estão tão difíceis... Devemos olhar com carinho pra eles, que fazem nossa economia crescer tanto.

- Corta! – gritou em desespero o diretor. O programa saiu do ar, entrando os comerciais. – Parece que teremos que substituí-la novamente!

Anita então foi desativada. Não se sabe se houve uma pane em seu cérebro, ou se foi hackeada novamente. Desta vez a emissora estava preparada. Uma nova Anita foi logo ativada, seguindo com o programa conforma havia sido planejado. Já a antiga apresentadora fora deixada em stand by, até que os técnicos chegassem e avaliassem o que havia de errado em sua programação.

Imagem: Planeta Marte (fonte: NASA).

Friday, April 11, 2008

One More Time




One More Time
(Daft Punk)


Carina abriu a gaveta de seu armário e dele retirou um frasco azul escuro que continha diversas pílulas rosa. Ela e Simone já haviam tomada várias durante toda a noite, enquanto dançavam. Carina era uma loira alta, de seios fatos, cabelos longos e pernas grossas. Já Simone era morena, estilo mignon, altura mediana. As duas juntas chamavam atenção na pista de dança. Já pelo meio da madrugada resolveram ir para a casa de Carina. Esta tomou mais uma pílula, botou outra na língua e chamou a companheira. Em um longo beijo, Simone pegou a pílula para si.

- Tenho que te mostrar o que comprei! - falou Carina, entre gargalhadas. Simone deitou na cama, em seguida tirou os sapatos. Enquanto isso, Carina revirava o armário, até encontrar o que desejava.

- Olha, que legal! - Simone se empolgou com o brinquedinho novo. Era uma cinta-caralha rosa de volume avantajado.

- Gostou, é? Sua tarada! Pois vem cá que vou estreá-la em você!

As duas se beijaram novamente, as mãos de uma deslizando pelo corpo da outra. Simone retirou o vestido preto de Carina, a jogou na cama e começou a lamber seus seios. Depois foi descendo, até chegar à calcinha branca da amante. Terminando de despi-la, foi beijando as pernas da loira até chegar ao sexo desta, onde colocou sua língua, fazendo movimentos contínuos enquanto, com o braço esticado, acariciava o seio direito dela. Carina passou suas mãos pelos cabelos de Simone, assim permanecendo até chegar ao orgasmo.

- Muito bom... Mas agora é minha vez! - com um sorriso, desta vez Carina despiu Simone, passando a língua por todo o corpo da morena. Carina então vestiu a cinta, colocou sua parceira de quatro, agarrou-a pelos quadris e a penetrou.

- Isso... Não para... - Simone ia à loucura com os movimentos que sua companheira fazia. Ao perceber que chegaria ao orgasmo, fechou os olhos e gritou.

Quando abriu seus olhos, Simone sentiu-se estranha. Estava de pé, vestida. Carina também vestia roupas - as mesmas que usavam antes de fazer amor.

- Tenho que te mostrar o que comprei! - falou Carina, entre gargalhadas. Simone ficou parada, sem reação.

- E aí, o que acha de estreá-la hoje? - perguntou Carina, mostrando a cinta nova que havia comprando.

- Claro, por que não? - as duas se beijaram, deitaram e começaram a se tocar. Carina vestiu a cinta e penetrou Simone. Esta mais uma vez estava chegando ao orgasmo, então novamente fechou os olhos e gritou.

Ao abrir os olhos, Simone estava novamente de pé, vestida.

- Tenho que te mostrar o que comprei! - falou Carina, entre gargalhadas. E o jogo recomeçou mais uma vez.

Simone ficou ainda mais intrigada. Enquanto Carina a penetrava com a cinta-caralha, pensava se tinha consumido pílulas demais, ou se havia outra explicação qualquer. Ela estava em looping temporal, destinada a reviver estes momentos ad infinitum. Quando percebeu que chegaria ao orgasmo, pensou que se ficasse com os olhos abertos poderia evitar a repetição.

Mas esse pensamento não durou mais de um segundo, logo fechou os olhos e gritou. Quando ouviu Carina lhe dizer "Tenho que te mostrar o que comprei!", apenas sorriu.

Imagem: At the Moulin Rouge: The Women Dancing (1894), de Toulose-Lautrec.

Thursday, April 03, 2008

Bullet with buterfly wings





Bullet with buterfly wings
(Smashing Pumpkins)


- Esse governo, hein, nunca vi tanta corrupção! - disse Ronaldo à sua esposa, sentado confortavelmente em sua poltrona, ao terminar de assistir ao noticiário.

- Sim, e agora querem fazer uma lei pra interferir na programação das tvs. Nem na ditadura tinha isso! - concordou Margarida, enquanto terminava de lavar a louça.

- Pois é, as notícias ainda tentam disfarçar, querem nos manipular, são uns canalhas! - Ronaldo então deu um pigarro, e prosseguiu: - Vem, meu amor, já vai começar a novela.

- Já vou, já vou... O que você está vendo no computador?

- Os preços das tvs de plasma, to pensando em comprar uma.

- Acho que são caras, não vai caber no nosso orçamento.

- A parcela não é tão alta, com um esforço dá pra pagar.

- Você é quem sabe...

Ronaldo acabou comprando a tv. Como seus cartões de crédito já estavam todos comprometidos, fez mais um especialmente para adquirir o sonhado aparelho. A merda foi que, uma semana depois, bateu com o carro. Precisava dele para ir pro trabalho e levar as crianças à escola, então fez um empréstimo para pagar o conserto.

Quando a tv de plasma chegou, Margarida ainda perguntou se não era melhor devolvê-la, mas Ronaldo fez questão de ficar com o aparelho.

No mês seguinte, as contas chegaram, e o dinheiro ficou pouco para as despesas do dia-a-dia. Ronaldo logo se viu fazendo um novo empréstimo, para ficar mais folgado. Só que a situação ficou pior no mês seguinte, quando houve o reajuste nos planos de saúde. O desespero foi chegando, e toda solução logo acabava virando parte do problema.

Sem grana não passeavam, o jeito era ficar em casa nos fins de semana. Também, com uma tv de plasma bonita como a que tinham, por que iriam querer sair?

Imagem: TV 42" LCD (1920 X 1080 Pixels), Full HD, 2 Conexões HDMI e Double Window - 42LY3RF - LG